domingo, 3 de julho de 2011

MISSA, ONDE A GRAÇA ACONTECE


Há dez anos, fui pregar numa cidade do interior do estado de São Paulo. Meus dois filhos menores me acompanharam, na época com nove e onze anos de idade. No final da tarde de sábado, fizemos uma oração de cura interior e uma jovem de aproximadamente quinze anos levantou-se e queria ir embora. Pedi que o ministério de música conduzisse a oração por todos e fui até a jovem para rezar individualmente. Perguntei-lhe:
- Por que você quer ir embora?
Ela respondeu:
- As lembranças do passado me torturam!
Segurei sua mão e perguntei se aceitava que eu rezasse por ela. Logo no início da oração, o Espírito Santo mostrou-me uma cena que cortou o meu coração. Na minha fé, via um homem olhando com malícia para uma menina. Contei à garota o que Deus estava me mostrando. Ela se pôs a chorar e, no meio dos soluções conseguiu dizer:
- Meu pai abusou de mim quando eu era criança!
Falei à jovem:
- Eu sou um pai que procura ser santo e tenho uma filha quase da sua idade. Vou lhe dar um abraço com o verdadeiro amor de um pai para pedir Pedrão pelo que seu pai lhe fez!
Com muito respeito, abracei-a e fui rezando, pedindo perdão como se fosse o pai dela. Inicialmente, ela foi aceitando minhas palavras de perdão. Porém, no seu interior, no seu inconsciente ferido, era como se revivesse os momentos de sofrimento que tivera ao lado daquele homem monstruoso. Por isso mesmo, de olhos fechados, começou a me esmurrar, dizendo:
- Eu não perdôo não, pai! O que você fez comigo não merece meu perdão!
A jovem levantou-se e foi embora. Não deu tempo para falar nada.
Na noite de sábado, coloquei o joelho no chão e pedi a Jesus que a trouxesse de volta ao Encontro, que prosseguiria até o domingo. Pela manhã, não vi a jovem.
Chegou o momento do encerramento com a Santa Missa. Em vão eu olhava para a assembléia, procurando a garota do coração ferido. Meus filhos Lucas e Gabriel estavam participando da missa bem ao meu lado.
No momento do abraço da paz, meus olhos se encontraram com os da jovem. Fiz uma oração em silêncio: “Senhor, eu sei que estás presente no meio de nós. Especialmente durante essa Santa Missa, o Senhor se faz presente em corpo, sangue, alma e divindade. Eu peço, Senhor, que toques o coração dessa menina”.
O sacerdote até parecia que estava ouvindo a minha oração. Para motivar o abraço da paz, pediu que cada um fosse até um irmão ou irmã e desse um abraço de perdão. Meus filhos me abraçaram com amor. De repente, a jovem veio lá da porta de entrada, gritando:
- Pai, pai, eu te perdôo!
Ela me abraçou chorando, repetindo as palavras “pai, pai, eu te perdôo!”. Lucas olhou para mim e exclamou:
- Pai!!??
Ele não estava entendendo nada! Abraçado à jovem, recebi o perdão no lugar do pai dela. Ela ficou livre do ódio, foi curada durante a Santa Missa, justamente no abraço da paz.
Depois do abraço, expliquei aos meus filhos:
- Aquela jovem precisava perdoar o pai. Eu fui para ela o pai amoroso que ela não teve.
Tempos depois tive a grata surpresa de encontrá-la numa vida religiosa consagrada. Glória a Deus!
Em todas as missas, Jesus está presente para nos curar e libertar. Ele nos toca de um modo diferente em cada parte da missa.
Que você participe de cada missa buscando a presença real de Jesus que cura e que liberta. Toda missa é um momento de cura e libertação, depende de sua participação, de sua fé, de sua dedicação para que a graça seja derramada em seu coração.
Desde o levantar dos braços para rezar o Pai-Nosso até o abraço da paz, tudo pode ser diferente, se você participar da missa com fé e com amor.
A oração feita em intenção da cura interior daquela jovem traumatizada só pôde ser concretizada durante a missa, que é a oração por excelência. Ela partilhou comigo, já na vida consagrada, que sua entrega total a Deus se deu naquele abraço da paz. Ela ainda me disse:
- Naquela missa, quem me abraçou foi Jesus no seu lugar!


Roberto Tannus
Revista Brasil Cristão – Ed. Abril/2008
Associação do Senhor Jesus

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